quarta-feira, 16 de junho de 2010

Sobre Mario Filho por Nelson Rodrigues

"Mario Filho era um desses homens fluviais, que nascem de raro em raro. Disse fluvial e explico: - Imaginem um rio que banhasse e fertilizasse várias gerações.

Há mais de quarenta anos, não há cronista em todo o Brasil, não há vocação, não há talento que não tenha recebido a sua luz decisiva. Morreu e continuamos a viver das rendas de seu gênio. Hoje, eu meus colegas anadamos por aí realizados., bem vestidos, temos automóveis; nos sábados, frequentamos restaurantes; passamos de fronte erguida e o nosso palpite tem a modéstia do Juízo Final. Mas gostaria de perguntar:- o que era e como era a crônica esportiva antes de Mario Filho? Simplesmente não era, não existia. Sim, a crônica esportiva estava na sua pré-história, roendo pedra nas cavernas.

O maior estádio do mundo tem hoje o seu nome. Pena é que não o tenham enterrado lá. Com o Maracanã por túmulo, Mario Filho merecia que o velassem multidões imortais.

Se Deus entrasse na minha sala e perguntasse:-"Você queria escrever como Guimarães Rosa ou como Mario Filho?", eu responderia:-Mario Filho, mil vezes Mario Filho". Meu irmão foi minha única inveja literária.

Um comentário:

Barbara Mendes disse...

Qual a fonte dese texto?
está em algum livro do Nelson Rodrigues?